ATA DA QUINTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA
QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM
21.12.1995.
Aos vinte e um dias do mês de dezembro do
ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezesseis horas e
vinte minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Darci Campani, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, Luiz Braz,
Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila,
Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo,
João Pirulito e Antônio Losada. Constatada a existência de “quorum” o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em
Discussão Geral e Votação, após ser discutido pelos Vereadores Artur Zanella,
Wilton Araújo, Reginaldo Pujol, e Elói Guimarães e ser encaminhado à votação
pelo Vereador Clovis Ilgenfritz, foi aprovado por vinte e cinco Votos SIM e
seis Votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Mário Fraga, o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 08/92, com ressalva das Emendas e
da Mensagem Retificativa a ele apostos, votado Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz,
Darci Campani, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Giovani
Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Paulo Brum, Pedro
Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, João Pirulito e Antônio Losada e Não
os Vereadores Edi Morelli, Isaac Ainhorn, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Nereu
D’Ávila, Wilton Araújo. A seguir foram aprovadas a Mensagem Retificativa e a
Emenda nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 08/92. Em
verificação de votação solicitada pelo Vereador Pedro Ruas, foi aprovada por
dezoito Votos SIM e onze Votos NÃO, a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 08/92, considerando-se prejudicada a Emenda nº 03,
votado Sim os Vereadores Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Darci Campani,
Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João
Verle, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, João Pirulito e Antônio Losada e Não os
Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Edi Morelli, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Milton
Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Wilton Araújo. Em Discussão Geral e Votação, foi
aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 19/95, com ressalva da Emenda nº 01
que, logo após, foi aprovada. Em Discussão Geral e Votação, após ser discutido
pelos Vereadores Wilton Araújo, João Dib, Milton Zuanazzi, Artur Zanella, Maria
do Rosário, Jocelin Azambuja, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa, Elói
Guimarães e ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Negrinho, Airto
Ferronato, Jocelin Azambuja e Maria do Rosário, foi aprovado, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Jocelin Azambuja, o Projeto de Lei do
Executivo nº 72/95, por dezoito Votos SIM e oito Votos NÃO, votando Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Darci Campani,
Elói Guimarães, Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol,
Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Motta, João Verle,
Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, João Pirulito, Antônio
Losada, e Não os Vereadores Edi Morelli, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz
Negrinho, Mário Fraga, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo. Na ocasião,
o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Adão Jegler, Presidente
Regional do Partido Social Liberal. Às dezenove horas e cinco minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos para realização de reunião conjunta
das Comissões Permanentes, sendo retomados às dezenove horas e dezoito minutos,
constatada a existência de “quorum”. A seguir, foi rejeitado, por doze Votos
SIM e treze Votos NÃO, votando o Senhor Presidente, em votação nominal solicitada
pelo Vereador Henrique Fontana, Requerimento verbal do Vereador Nereu D’Ávila
solicitando seja realizada uma Sessão Extraordinária para que seja apreciado o
Projeto que trata da taxa de iluminação, votando Sim os Vereadores Edi Morelli,
Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Negrinho, Mário
Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Wilton Araújo, Reginaldo
Pujol e Não os Vereadores Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Darci Campani,
Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João
Motta, João Verle, Maria do Rosário, João Pirulito, Antônio Losada e, ainda, o
Senhor Presidente, Vereador Airto Ferronato. Às dezenove horas e vinte e oito
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
dezenove horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”. Na
ocasião, foi submetido à votação nominal por solicitação do Vereador João Dib,
Requerimento verbal do Vereador Henrique Fontana solicitado seja realizada de
imediato uma Sessão Extraordinária para apreciação de Requerimentos, obtendo
quatorze Votos SIM e um Voto NÃO votando Sim os Vereadores Clênia Maranhão,
Clovis Ilgenfritz, Darci Campani, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Geraldo de
Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta,
João Verle, Maria do Rosário, João Pirulito, Antônio Losada e Não o Vereador
Artur Zanella, considerando-se nula tal votação, face a inexistência de
“quorum”. Às dezenove horas e trinta e cinco minutos, constatada a inexistência
de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato, Mário Fraga, Edi Morelli
e Geraldo de Matos Filho e secretariados pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz. Do
que eu, Clovis Ilgenfritz, 1º Secretario, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após lida e aprovada, será assinada por todos os Senhores Vereadores
Presentes nesta Sessão.
O
SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão
abertos os trabalhos da 5ª Sessão Extraordinária da 5ª Sessão Legislativa
Extraordinária.
Havendo quórum, passamos à
PROC.
1339/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 08/92, que introduz o Grupamento de Atividades
02, no Anexo 7/2, da LC nº 43, de 21.07.79, institui regime urbanístico para
Área Funcional de Interesse Urbanístico instituída pela LC nº 128-A, de
28.11.85, e dá outras providências. Com
Mensagem Retificativa e Emendas nºs 01 e 02.
PARECER:
-
da CCJ. Relator Vereador João Motta:
pela aprovação do projeto e da Mensagem Retificativa.
Obs.:
- incluído na Ordem do Dia nos termos do
Artigo 81 da LOM;
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA art. 82, § 1º, I, da LOM;
-
adiada a discussão por uma Sessão.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PLCE nº 08/92. (Pausa.) O Ver. Artur Zanella está com a palavra. O
Ver. Luiz Negrinho e o Ver. Mário Fraga cedem seu tempo a V. Exa.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós dizíamos que este Projeto, quando chegou
aqui, era a área inteira do Humaitá/Navegantes. Hoje é só essa parte em frente
à Rua Voluntários da Pátria. Veio uma Mensagem Retificativa assinada pelo Sr.
Raul Pont limitando ainda mais o Projeto. Examinando o mesmo, consultadas as
associações de moradores, Dona Marli, o Sr. Rudi, entendeu-se apresentar duas
Emendas, que alteram o Projeto de Lei nos seguintes pontos: Emenda nº 01, que
inclui como habitação unifamiliar edifícios com apartamentos de, no máximo,
sessenta metros quadrados de área útil construída, excetuando-se as áreas de
uso comum de condomínio. Por que sessenta metros quadrados? Porque os
apartamentos populares da Restinga têm cinqüenta e dois ou quarenta e oito
metros quadrados. O Ver. Morelli, por exemplo, mora em um prédio popular da
Restinga onde não tem dependência de empregada. Então, é a habitação
unifamiliar mais edifícios com apartamentos, que podem ser construídos pelo
DEMHAB, porque o terreno é do DEMHAB, é da Prefeitura.
Em segundo lugar, diz que
as atividades de comércio, serviços e indústrias seriam vinculados à habitação.
Por exemplo, não poderia ter bar lá, porque bar não está vinculado à habitação.
Essa parte foi retirada ficando comércio, serviços e indústria, no máximo em
50% na área de residência. Isso ficou retirado da Emenda que estamos tentando
aprovar. Quanto à altura, são duas previstas no Projeto, uma no local das
casas, e agora dos apartamentos que têm que ser liberados, e a outra para os
limites da Vila Tecnológica que, pelo Projeto, exclui-se o tamanho.
Questionado, o Sr.
Secretário do Planejamento do Município informou que o problema é a proximidade
do aeroporto, o que parece um pouco forçado tendo em vista que a cem metros de
distância dessa área se encontra a Travessia Getúlio Vargas, a Ponte do Guaíba
que não tem dois andares, tem dez de altura, e com essa exclusão da Vila
Tecnológica, onde já há um prédio de quatro andares, o avião teria que passar
por dez, quinze andares da Ponte do Guaíba, descer, subir, passar por cima dos
quatro andares e seguir. Então, Sr. Presidente, a idéia é que a altura seja
definida pelo Sistema Municipal de Planejamento, tendo como parâmetro a altura
máxima da Travessia Getúlio Vargas - Ponte do Guaíba -, e as alturas fixadas
pelas normas aeronáuticas referentes aos cones de aproximação do Aeroporto
Internacional Salgado Filho.
Então existem regras na
Aeronáutica que fixam essas alturas e esses tamanhos. Eu proponho que o Sistema
Municipal de Planejamento, que inclui a Secretaria de Planejamento e o Conselho
Municipal do Plano Diretor, fixem as alturas para essa área.
A segunda emenda, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, diz o seguinte: que há um grande medo, ou um
grande receio, na zona contra a implantação dos lixões, depósitos de lixo.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Mário Fraga se inscreve e cede seu tempo a V. Exa.
O
SR. ARTUR ZANELLA:
Obrigado, Vereador. Sr. Presidente, eu incluí uma Emenda, a de nº 2, que é
semelhante à Emenda do Ver. Elói Guimarães, que diz o seguinte: (Lê.) “A
implantação de aterro sanitário - depósito de lixo - em área restrita e
determinada no Bairro Humaitá/Navegantes somente poderá se efetivar se tiver
prévia aprovação da FEPLAN, da SMAM e da Câmara Municipal de Porto Alegre, sob
a forma de lei complementar, ouvida a comunidade residente no local e no
entorno.”
Então, aquilo que o Ver.
Elói Guimarães diz na Emenda nº 3 já está contemplado aqui. Inclusive, dizendo
que é lei complementar, com parecer da FEPLAN, com parecer da SMAM e ouvida a
comunidade. Mais ainda, pelo parágrafo único fica autorizada na área objeto do
presente Projeto - onde estão aquelas casas construídas pelo DEMHAB - a
construção da chamada seleção de lixo orgânico e seco, somente o lixo produzido
no bairro ou transportado por associado da cooperativa de trabalhadores -
catadores -, ficando vedada a destinação de áreas abertas para depósito de
lixo, bem como expansão de construção e serviço ao restante do bairro ou ao seu
entorno. Então fica autorizado um pavilhão para seleção de lixo àqueles que já
trabalham, porque grande parte das pessoas que moram lá são papeleiros, e
vedaram a expansão para o resto do bairro, vedaram a construção de outros
pavilhões, vedaram a construção de depósito de lixo - só pode ser utilizado o
lixo da zona ou aquele carregado pelos próprios papeleiros com seus carrinhos.
Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, as Emendas que, repito, foram comunicadas à Associação de
Moradores, para sua Presidenta, Sra. Marli; para o Diretor da Associação dos
Empresários, Sr. Rudi, ao que parece, mereceram também a aprovação dos
representantes do Governo nesta Casa.
Essas alterações não valem
para o restante do bairro, é só para lá. É aquele local que é definido no mapa,
à esquerda da Vila Farrapos, no sentido centro-bairro. Então, são essas as
Emendas apresentadas, que, parece, atendem aos objetivos do Projeto de Lei
apresentado pelo Executivo e resguarda a população do entorno total. Eu alerto,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a área total, que não está em debate neste
momento, é uma colcha de retalhos, em termos urbanísticos. Tem de tudo lá. Não
tem coerência nenhuma e quando da alteração do Plano Diretor, que virá a esta
Casa, é uma área que devemos analisar com toda atenção, porque é uma área
nobre, é uma área que é entrada e saída de Porto Alegre. E a Av. Voluntários da
Pátria, ao ser liberada, será um dos principais pontos de acesso de Porto
Alegre e urge que esses locais sejam resolvidos, inclusive as pessoas que estão
lá têm problemas de saneamento, de saúde e estão sendo transferidas para esse
loteamento feito pelo DEMHAB.
Essa Vila Tecnológica é um
local onde a ULBRA está, junto com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e
outros órgãos habitacionais, apresentando uma série de protótipos de habitação
popular, com diversos tipos de materiais. E uma dessas experiências já está em
desenvolvimento, que é a construção de um edifício de quatro andares com
material alternativo. Então não tem sentido, se tem um edifício de quatro
andares, já em construção, no meio do loteamento, os outros do lado, limitando
em dois por causa dos aviões, que por sinal não tem nada a ver com aquele
local. No que me concerne, são essas as Emendas. Procurei levar ao conhecimento
da maioria dos Vereadores. Se não consegui fazer para todos, deve-se ao fato do
tempo ser escasso e ao atropelo das votações das últimas horas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Wilton Araújo está com a palavra para discutir o PLCE nº 08/92.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, volto à discussão nesta Casa, depois de tanto
tempo, de tantas lutas por parte da população do Bairro Humaitá-Navegantes.
Volta num fim de ano, de forma rápida, numa Convocação Extraordinária, e não
vemos a população aqui se manifestando nem a favor, nem contra. Sinal que não
foi consultada. Lembro-me da grande manifestação, faixas, casa lotada, pressão
por parte dos moradores que tinham posições até divergentes; alguns a favor, a
grande maioria contrária a esse Projeto.
E, por que a contrariedade
da maioria da população do Humaitá-Navegantes, a esse Projeto? Esse Projeto
leva para um bairro que é absolutamente residencial, que tem como
característica a classe média, grande densidade populacional, vai levar equipamentos
urbanos, com os quais não discordamos da sua utilização, do seu valor para a
sociedade. Só discordamos - e esse sempre foi o ponto - da sua implantação
exatamente em frente de prédios habitacionais de grande densidade da classe
média. Diriam alguns: se fosse da classe pobre poderia? Claro que não, não é
lugar para colocar esse tipo de equipamento. É inadequado à saúde humana.
Então, por que localizá-lo logo ali?
Nesse sentido discutimos e
firmamos posição contrária ao Projeto. E contrários, inclusive, à discussão
feita pelo Ver. Artur Zanella nesta tribuna, porque não é com Emendas que se
vai ajeitar esse Projeto. Não é com uma cirurgia plástica apenas que o monstro
vai ficar bonito, que vai ter a possibilidade de ser encarado pela população
como algo bom. Não é só com essa maquiagem.
Então, mesmo contra o
colega de Bancada, Ver. Artur Zanella, e talvez algum outro da minha Bancada
que queira votar favorável, não há emenda que possa eliminar o mal que vai
causar para a população do Humaitá-Navegantes a instalação desses equipamentos
lá. O deslocamento, o adensamento vai prejudicar aquele bairro, e não sei por
que a Administração Popular firmou pé de que tinha que ser exclusivamente
naquela localidade, não se estudando nenhuma outra alternativa para que esse
Projeto, que é meritório, pudesse ser criado e implantado.
Nesse sentido, Srs.
Vereadores, a discussão que procedo é contrária ao Projeto e, portanto,
prejudicial a qualquer tipo de emenda. Vejo com preocupação algumas emendas que
tratam da altura de prédios, do aproveitamento, enfim, já estamos entrando em
outra seara, em outro tipo de discussão que deverá, certamente, estar afeita ao
Plano Diretor da Cidade. Não é momento! Cuidado com essas alterações embutidas
em equipamentos para o melhoramento ou reciclagem de lixo.
Concluindo, acho perigosa
a inclusão de Emendas que misturam a reciclagem de lixo, misturando altura,
melhor aproveitamento. Certamente são boas as emendas, mas não é o momento; o
momento é de discussão do Plano Diretor, aí sim a Cidade vai poder se debruçar
sobre o assunto com responsabilidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Edi Morelli):
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLCE nº 08/92.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Estamos vivendo um dia glorioso nesta Casa, que
nasceu da nossa ousadia, da nossa pretensão de em três dias votarmos 27
Projetos de Lei. A maioria dos quais, pelo menos dois terços, de grande
atualidade, polêmicos e que comportam grandes discussões. Agora, por exemplo,
este Projeto de Lei, que não é novo na Casa, está aqui desde 1992.
Em 1992 o Prefeito Olívio
Dutra, no dia 04 de junho, encaminhava para cá este Projeto de Lei. Eu nem sei
por que esse Projeto parou todo esse tempo, e não vou discutir agora, porque
vejo que no presente momento a discussão se prende, especialmente, em torno das
duas Emendas do Ver. Artur Zanella, que agora estou conseguindo compulsar. A
Emenda nº 02, Ver. Gregol - acho que V. Exa. deve ter esperado alguma coisa com
essa Emenda, porque até chego a pensar que V. Exa. a redigiu, já que é
preocupado com as coisas do meio ambiente e zeloso defensor do meio ambiente
natural - fala que a implantação de aterro sanitário e de depósito de lixo em
área restrita e determinada no Bairro Humaitá / Navegantes somente poderá
efetivar-se mediante prévia aprovação da FEPLAN, da SMAM e da Câmara Municipal
de Porto Alegre, sob a forma de Lei Complementar, ouvida a comunidade residente
no local e no entorno. Acho que mais zelo e mais cuidado com o assunto é
impossível.
O Ver. Elói Guimarães,
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, pondera que tem uma Emenda no
mesmo sentido, praticamente no mesmo teor, mas que exclui o parágrafo único da
Emenda do Ver. Elói Guimarães. O parágrafo único, que tem a resistência de
muitos dos intregrantes desta Casa, diz que fica autorizada na área objeto do
presente Projeto, ou seja, no Bairro Humaitá, a construção destinada a lixo
orgânico e seco, produzido no bairro ou transportado por associados da
cooperativa dos trabalhadores catadores, ficando vedada a destinação de áreas
abertas para depósito de lixo, bem como a expansão de tais construções e
serviço no restante do Bairro e seu entorno.
O Ver. Artur Zanella
pretende restringir a uma área do bairro uma atividade que tenho que reconhecer
que já se realiza naquele bairro há longa data. Aliás, aterro sanitário no
Bairro Humaitá é “chover no molhado” para não usar essa expressão brilhante que
o Ver. Artur Zanella usaria: tautologia. Todos sabemos que todos aqueles
prédios que se encontram no Bairro Humaitá se encontram em cima de um aterro
sanitário feito pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana com excelente
qualidade técnica que de certa forma desmistificou o aterro sanitário na Cidade
de Porto Alegre, que até aquela data era feito através de projetos isolados nas
ilhas, onde a repulsa era muito forte, porque era feito de forma absolutamente
inadequada.
Nós temos que discutir e
votar essa matéria daqui a minutos e ficamos sem sequer ter condições de
discutir a Emenda nº 01 do Ver. Artur Zanella.
O
SR. PRESIDENTE (Edi Morelli):
Ver. Reginaldo Pujol, o seu tempo está esgotado. Se V. Exa. pretende continuar
na tribuna, este Vereador se inscreve e cede seu tempo a V. Exa., com a
aquiescência do ver. Elói Guimarães que é o próximo inscrito.
O
SR. REGINALDO PUJOL:
Agradeço, até porque ingresso na outra Emenda do Ver. Artur Zanella, a Emenda
nº 01, que altera o art. 2º do projeto, estabelecendo a seguinte redação. (Lê.)
Então, Sr. Presidente, acho que essa Convocação Extraordinária pode nos ensejar
a matar essa novela, acabar com essa história que está aqui desde 1992. Com
toda essa discussão, todo o acurado exame que foi feito por vários Vereadores
da Casa, com a possibilidade de correções, de alterações do Projeto através das
inúmeras Emendas aqui colocadas, nós poderemos oferecer à Cidade de Porto
Alegre e à Administração Municipal uma prova da nossa capacidade de trabalho,
já que estamos, hoje, na véspera de Natal, em plena Convocação Extraordinária,
deliberando sobre uma matéria que está há mais de quatro anos aqui na Casa e o
faremos com seriedade, discutindo a matéria, se for necessário, assegurando,
dessa forma, a comprovação da qualidade dos serviços que aqui se faz, em termos
de responsabilidade pública.
Penso que as alegações do
Ver. Wilton Araújo, ex-Secretário Municipal de Obras e Viação, engenheiro,
temeroso da situação salientada pelo Ver. Artur Zanella, especialmente no
Parágrafo Único da sua Emenda nº 2, não comportam um exame da realidade local,
porque ali, vocacional e tradicionalmente, existem reuniões de catadores de
lixo, numa atividade que não pode ser desprezada, porque é fonte de renda de
muita gente, é uma realidade do cotidiano de Porto Alegre, considerando que
temos, de forma muito enfática, sustentado a conveniência que se produza a
reciclagem do lixo, o reaproveitamento de várias matérias que compõem o nosso
lixo, tanto orgânico como inorgânico, e que esses catadores cumprem uma tarefa
social, ás vezes até de forma anônima, outras até com desaprovação de alguns
menos esclarecidos do conjunto social, mas é uma tarefa inserida dentro da
realidade da Cidade. essas pessoas têm que ter condições de trabalho e o melhor
que nós podemos fazer é disciplinar essa atividade, delimitar o local onde se
realizam, o que me leva a uma posição favorável à Emenda nº 2 do Ver. Artur
Zanella.
Vou aguardar o Ver. Elói
que vai comparecer à tribuna e certamente nos trará algumas posições que
poderão determinar algumas mudanças nessa posição preliminar que eu anuncio
nesta hora.
Agradeço a gentileza do
Ver. Edi Morelli pela cedência do seu tempo, o que me permitiu encerrar o
pronunciamento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra, para discutir o PLCE nº 08/92.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, essa matéria já foi objeto de discussões. A minha
preocupação decorre da possibilidade de, na área, se estabelecer lixões. Nesse
sentido, temos a Emenda do Ver. Artur Zanella e uma de minha autoria. Lembro-me
do trabalho que fez o Ver. Darci Campani, quando Diretor do DMLU. Tivemos
muitos debates, e, num determinado momento, foi desenvolvido um grande projeto,
mas era insuportável e malcheiroso em decorrência do lixo da lixeira que existe
lá na Zona Norte.
Só que, coincidentemente,
antes, as chuvas não provocavam cheiro no lixão. V. Exa. sabe que sou
conhecedor desta área. Estamos reclamando porque há mau cheiro. Estivemos
juntos lá no local, quando disse que V. Exa. fez um excelente trabalho.
As preocupações que nós
colocamos são cautelas, precauções, que dizem respeito à saúde pública, à
ecologia, ao meio ambiente.
Todo esse material tem que
ser levado, pois, as pessoas não podem, de forma nenhuma, conviver com os
lixões, depósitos de lixo, etc.
Então, as nossas
precauções, nós vamos votar o Projeto, tratam-se de alterações para a
viabilização de moradias; a cautela se impõe, até porque conhecemos bem a área,
por isso desejamos eliminar toda e qualquer possibilidade de que se faça ali um
aterro sanitário - já se fez um aterro sanitário, a história do Parque Humaitá
está ligada a aterro sanitário? Está. Mas temos que olhar para a frente. O que
interessa é o futuro, são os nossos filhos, é a geração que vem. Essa nós temos
o dever indeclinável de defendê-la.
Então, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, há três Emendas: uma Emenda do Ver. Artur Zanella, a minha
Emenda é praticamente idêntica a do Ver. Artur Zanella, só não tem a riqueza de
dados da Emenda do Ver. Artur Zanella, porque a minha Emenda é nesses termos:
“A implantação de aterro sanitário e depósito de lixo em área determinada no
Bairro Humaitá-Navegantes, depende de Projeto de Lei”. Qualquer forma de se
fazer ali depósito de lixo, depende de autorização. O Prefeito remete à Câmara
Municipal o Projeto e a Câmara Municipal que é depositária da vontade, se não
dos destinos da Cidade, esta, decidirá.
Então, o parágrafo único
da Emenda do Ver. Artur Zanella, autoriza que na área em questão se faça a
construção destinada à seleção de lixo. Autoriza o lixo, lá, Ver. Artur
Zanella. Então, me parece que esse lixo deve ir para longe, se tivermos que
buscar dinheiro para que o lixo saia das proximidades das pessoas, isso é dever
nosso e dever desta Casa.
Portanto, vamos votar o Projeto
e vamos pedir o apoio a essa Emenda. Podemos até votar um lixão, ali, mas o
Projeto terá que vir para a Casa, no momento oportuno, para que a Câmara
decida. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada
a discussão. Em votação o PLCE nº 08/92.
Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz, para encaminhar.
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, só para dizer que, fruto de um trabalho coletivo,
de um entendimento com as Bancadas, com os Vereadores que tinham dúvidas, que
receberam esclarecimentos, em especial com o trabalho do urbanista, arquiteto,
engenheiro honoris causa Artur Zanella, nós conseguimos montar um processo que
aperfeiçoa a lei. Em nome do Partido da Bancada do Governo, eu venho a tribuna
para dizer que concordamos com as Emendas, tem uma Emenda do Ver. Elói
Guimarães que no linguajar de advogado que aprendi com ele, seria
“despicienda”, mas é uma questão que pode ser aceita por nós. Vamos votar no
Projeto e nas três Emendas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrados
os encaminhamentos, em votação nominal por solicitação do Ver. Mário
Fraga. (Após a chamada.) APROVADO o PLCE nº 08/92 por 25 votos SIM e 06 votos NÃO.
Em votação a Mensagem
Retificativa ao PLCE nº 08/92. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 01
aposta ao PLCE nº 08/92. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados
(Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 02
aposta ao PLCE nº 08/92.
(É feita a votação.)
O Ver. Pedro Ruas solicita
verificação de votação. (Após a chamada.) APROVADA
a Emenda nº 02 por 18 votos SIM e 11 votos NÃO. Está prejudicada a Emenda nº 03 aposta ao PLCE nº 08/92
O
SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, pergunto à Mesa se é possível trocar o meu voto de SIM para NÃO na
Emenda nº 01.
O
SR. PRESIDENTE: Não é
mais possível, mas fica registrado nos Anais da Casa.
PROC.
0712/95 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 19/95, que autoriza a alienação de próprio
Municipal ao proprietário do Imóvel situado na Rua Ernesto Miranda, 22, nesta
Cidade, por motivo de investidura. Com
Emenda nº 01.
PARECERES:
- da CCJ.
Relator Vereador Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR.
Relator Vereador Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB
Relator Vereador Clovis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº
01.
Obs.:
- incluído na Ordem do Dia nos termos do
Art. 81 da LOM;
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA – Art.
82, § 1º, VIII, da LOM.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PLE nº 19/95. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
com os votos contrários dos Vereadores Luiz Negrinho e Edi Morelli.
Em votação a Emenda nº. 01
ao PLE nº 19/95. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA com os votos
contrários dos Vereadores Luiz Negrinho e Edi Morelli.
PROC.
2479 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 72/95, que cria cargos na Administração Centralizada do Município e
dá outras providências. (50 cargos de Monitor e 170 cargos de Professor) – Urgência.
PARECER
CONJUNTO:
- da CCJ, CEFOR e
CECE - Relator-Geral Vereador João
Motta: pela aprovação do Projeto.
Obs.:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA - Art.
82, § 1º, III, da LOM.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PLE nº 72/95. Com a palavra
para discutir o Ver. Wilton Araújo.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, chega o momento de uma grande discussão, momento
em que o Executivo manda à Casa a criação de cargos de Professores e Monitores.
Criação de 220 cargos, no total, pelo Projeto original, que traz uma discussão,
sem dúvida, mais de fundo para a Câmara
Municipal de Porto Alegre: a questão da educação do Município. Já de muito
tempo se vêem e se ouvem as metas do Partido dos Trabalhadores para a educação,
só que na prática a Casa vem aprovando, sistematicamente, inclusive recursos de
não-pequena monta, para construção de mais escolas, para criação de novos
cargos. E diz o PT que isso faz parte de um plano para dar educação para todos
os porto-alegrenses. Só para quem não conhece a educação do Município de Porto
Alegre essa tese poderia ser a correta.
O Município tem,
historicamente, ínfima parcela na participação da educação dos
porto-alegrenses, porque o número de alunos que são atendidos pela rede escolar
municipal é muito pequeno. Teve a péssima idéia, sugestão e demolição de um
plano de educação, que era dos Centros Integrados Municipais, os CIEMs, que
mantinha por obrigação, inclusive a manutenção está na Lei Orgânica, que mais
uma vez não foi respeitada. Houve a demolição por parte do Partido dos
Trabalhadores. Houve o desaparecimento desses Centros Integrados.
Agora, com a justificativa
de que têm muitos alunos que não estão dentro da sala de aula, quer contratar
uma grande quantidade de monitores e professores. Para colocar aonde? Pergunta-se.
Para fazer o quê? Há, inclusive, levantamento de que existe um número muito
grande de professores - como existe no Estado - que não estão na sala de aula;
que estão nas tarefas administrativas. São importantes essas tarefas, mas não
seria indispensável a participação dos professores nessas tarefas. Outros
cargos e outros concursados para essas tarefas certamente seriam mais
adequados. Considero isso um desvio. Se há esse desvio, há que se mensurá-lo.
Diz o PT que não tem ou que tem muito pouquinho; dizem outras correntes que
existe e que é exagerado, chega a quase mil professores fora da sala de aula.
Como, então, votar com tranqüilidade algo ou algum Projeto que cria 220 cargos,
se poderão, também, ser desviados para fora da sala de aula? Essa garantia não
se tem.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Mário Fraga se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa.
A
Sra. Maria do Rosário: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Wilton Araújo, escuto
suas ponderações, numa fala bastante ponderada, cumprimento V. Exa. Quero
lembrá-lo, modestamente, de que esta Casa aprovou a lei das eleições de
diretores, previa justamente que é condição absolutamente colocada, o fato de
para se concorrer às direções das escolas, esses funcionários serem professores
concursados e de acordo com os critérios determinados na lei. Portanto, os
diretores das escolas públicas, os administradores de ensino, também as
atividades pedagógicas são realizadas por força da lei, muitas vezes, e
corretamente porque existe uma dimensão pedagógica nessa ação, por professores
que não ficam na sala de aula, mas que mantém, tenha a certeza, a tarefa
pedagógica, acima de tudo, para a qual são formados. Só para contribuir com V.
Exa. para que o debate, de fato, possa se fazer, porque vejo que tem boa
intenção em realizá-lo.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Entendo
o aparte de V. Exa., mas entendo também que esse tipo de tarefa que teria
correlação direta e que, portanto, teria, sim, a necessidade, não diria tanto
de necessidade, mas que poderia ser executada por professores com boa
eficiência, esse tipo de tarefa e a quantidade desses cargos e dessas tarefas,
realmente, não poderiam ser exageradas ou muito grandes. E, dentro de uma
estrutura, o grande número é de professores e, depois, numa pirâmide, se fecharia
em outros tipos de atividades burocráticas. Vejo com muita preocupação a
aprovação deste Projeto. Não há, e espero que aconteça durante a discussão, uma
explicação de forma organizada, sistemática. Espero que a Vereadora venha à
tribuna e nos traga os números que irão fundamentar a necessidade absoluta de
se criar esses cargos neste final de ano. Aprovando agora, logo no início, acho
que não teremos oportunidade de aproveitá-los, porque cria o cargo, certamente,
ainda vão fazer concursos e essas coisas. Ah, já tem concurso. São todas essas
coisas que precisamos saber na discussão, se tem concurso, quem são os
concursados, qual é a validade do concurso. Tudo isso é interessante saber, ter
uma relação aqui, qual é o problema? É concurso público, qual é o problema?
Saber quais os concursados. Se tem número suficiente, se o concurso tem
validade, se foi revalidado, de quanto tempo, se essas pessoas estão
atualizadas no currículo atual, se não é muito antigo o concurso.
Tudo isso precisa passar por uma discussão grande na Casa. Por isso, lamento que esse tipo de processo, como muitos outros, fica por aí dormitando em gavetas, pastas, escaninhos, muitas vezes da própria Bancada Governista, e chegam no fim do ano como que de supetão, em uma Convocação Extraordinária. É algo que precisa ser aprofundado, porque, sem sombra de dúvida, o ensino de Porto Alegre não está bom. Precisa ser melhorado muito. Precisamos ter a consciência de que a qualidade de ensino não está boa, apesar de muita propaganda em cima disso, muita vitrine em cima disso, até “out-door”, folhetinho, cartaz, mas lá, na sala de aula, tem muita gente do lado de fora. Quem está dentro não está bem, como todo o ensino no País, não será esse o oásis. E aqui está ruim, também.
Então, temos que discutir
todo o ensino da Cidade, não é só cargo, e premência de tempo, temos que
discutir o ensino. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra, para discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ontem eu fui agredido pela administração da
Prefeitura neste mesmo local, quando parte da Assessoria do Prefeito me
informava que um documento correspondente ao Pedido de Informações já estava na
Casa. Hoje fui olhar o Pedido de Informações, já fiz um pronunciamento,
contundente até, porque o Prefeito desta Cidade, como sempre muito
mal-assessorado, respondia-me dizendo que “em atendimento a um dos meus Pedidos
de Informações os documentos haviam sido entregues ao Vereador, no dia 12 do mês
corrente”. O que absolutamente não é verdade. Para a quinta parte do meu Pedido
de Informação, ele respondeu uma parte. Eu dizia que ele pedia veterinários e
eu achava que era para cuidar da burrice da sua assessoria, e vou repetir isso
o resto da vida. Eu não posso ser desconsiderado, eu não posso fazer um Pedido
de Informação para saber quantos cargos existem na Prefeitura; quantos cargos
em Comissões; como está em função da Lei nº 6309, Plano de Carreira da
Prefeitura, e ter resposta na forma que foi feita, mentirosa, enganosa, e que
não dá condições para que se analise aquilo que o Prefeito pretende.
Ontem, esta Casa lhe
permitiu a oportunidade de criar mais cargos, de empregar mais gente, quando
ele diz que não tem dinheiro. Se não tem dinheiro não emprega, é o que fazem as
atividades privadas. Até demitem, mas na Prefeitura não dá para demitir. Ele
tomou o dinheiro dos municipários, tomou o dinheiro dos servidores da Câmara
Municipal, porque não tinha dinheiro, dizia ele, em maio, fazendo retroagir uma
lei para tomar o dinheiro dos municipários. De 11% ele deu 3,6%. É o dono da
verdade. Eu tenho ali uma liminar concedida que manda pagar os aposentados e
técnico-científicos os direitos que têm, e quero ver se ele vai cumprir. Eu sei
que ele não vai cumprir. Eu perguntei: quantos cargos, qual a classe, o número
de cargos, cargos em comissão, qual a função, número de empregos. Relatei tudo
isso e não me foi respondido. Foi mentido que eu tinha recebido essa matéria e
eu não recebi.
Então, não vejo por que criar
170 cargos de Professores, quando ouço dizerem que há muitos professores fora
da sala de aula. Esses 170 cargos de professores, segundo as informações
assinadas pela Prefeitura, daria um professor para 25 alunos. Eu acho que não
há necessidade, acho que temos ouvir do Prefeito quantos cargos têm na
Prefeitura. Como é que ele tem 3.100 professores, se não estou equivocado?
Estaria já na Lei? Será que ele tinha criado todos os cargos que preencheu?
Alguém vai me explicar por que não respondeu aquilo que, mesmo com prorrogação
de prazo, deveria ter sido respondido no dia 1º de novembro. No dia 1º de
novembro não veio, no dia 30 de novembro também não, dia 15 de dezembro também
não veio e hoje é 21 de dezembro e também não veio.
Portanto, nós temos a responsabilidade
e ele não tem nenhuma. A Lei Orgânica diz que depois de 45 dias pode-se fazer
um processo de pedido de “impeachment”. Eu tenho quatro razões para pedir
“impeachment”. Agora, a mentira deslavada que fizeram, não pode. Eu estava aqui
me pronunciando, ontem, quando foi colocado na minha frente, pela assessoria do
Prefeito, um papel de que a resposta estava na Casa. A resposta era
absolutamente mentirosa, absolutamente falsa, porque nada me havia sido
entregue, e nem a parte que eu havia perguntado sobre as cartas-contrato, e ele
resolveu, não sei porque cargas d’água, porque se eu fosse Prefeito eu lia e
depois assinava, me respondeu em relação à Secretaria da Saúde, que eu não
tinha perguntado. Eu perguntei de toda a Prefeitura, de todas as Secretarias,
de todas as Autarquias e é por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é muito
esforço para criar mais cargos quando não há dinheiro na Prefeitura e que o
dinheiro está sendo tomado dos servidores municipais. Eu encerro aqui, Sr.
Presidente, senão os servidores vão ficar com menos ainda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Milton Zuanazzi está com a palavra, para discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. MILTON ZUANAZZI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho um raciocínio um tanto linear nesse tipo
de Projeto. Apesar que eu procuro me pautar aqui da tribuna, me imaginando se
eu estivesse no Executivo, todos os meus votos têm essa referência; se eu
estivesse lá o que faria. É uma certa idealização porque nós nos desprendemos
da ação política, muitas vezes, mas assim eu procuro agir.
Eu fico pensando assim,
Srs. Vereadores, toda a administração pública, não só de Porto Alegre, mas do
Estado e da União tem problemas de caixa, dificuldades para pagar funcionários,
muitas delas estão querendo se ver livres de funcionários. Agora mesmo, ontem,
a Assembléia Legislativa aprovou um Projeto que faz uma reforma ampla no Estado
do Rio Grande do Sul, eu até presenciei uma parte da Sessão em função dos
episódios da CRT, ou seja, há uma tendência de enxugamento das máquinas. Ora,
se o Executivo manda para a Câmara, até para atender uma exigência legal, um
Projeto criando cargos, ou seja, onerando a sua folha, o ônus dessa oneração é
do Executivo, sim, do Executivo. Está onerando a sua folha, está criando
problemas na sua própria gestão. Certamente, está medindo esse ônus com
resultados que ele pretende atingir. Uns podem mandar para cá projetos
aumentando o número de professores, outros podem ser na área da saúde, conforme
determinadas necessidades que estão medidas.
Eu, francamente, mesmo que
possa prejudicar outros lá existentes, o fato é que onerará mais a folha, 150
ou 170 pessoas a mais na folha. Ora isso é responsabilidade do Executivo. A
minha responsabilidade como legislador é saber se está tudo legal. Se esse
concurso já houve, se não houve, se está tudo dentro das normas. O concurso é
público, portanto não é empreguismo, porque se não tenho que partir do
princípio que todos os funcionários públicos existentes no Município, na ativa
ou aposentados, estão por empreguismo. Eu não estou partindo desse princípio,
ou seja, as pessoas entram em diversas gestões; portanto, não há empreguismo,
há concurso público. Certamente devem estar qualificados os melhores. Então, o
Executivo deve estar mandando um ônus, do ponto de vista financeiro, da sua
gestão na administração. Um ônus a ele. Ora, se ele está criando um ônus para
ele, eu, politicamente vou dizer que não deve. Ele está criando um ônus e
certamente está medindo onde estará fazendo esse investimento.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que não pode ser esquecido é que
há um limite constitucional de gastos com servidores públicos que hoje é de 65%
e se encaminha para 60%. E esse Executivo, que aí está, nos últimos sete anos
passou de quatorze mil para 21 mil servidores.
O
SR. MILTON ZUANAZZI: Perfeito,
e se eles não cumprirem a determinação legal, constitucional, então nós estamos
aqui exatamente para cobrar o cumprimento dessa determinação.
Quanto à questão dos
professores fora de aula, pedi à Vera. Maria do Rosário que me trouxe tabelas
que li com o maior afinco e não me pareceu um número exagerado. Há,
evidentemente, professores cedidos e fico lembrando que - é uma pena o Ver.
Jocelin Azambuja não estar, porque ele “baixou o pau” na Secretária Neuza
Canabarro, de quem eu não gosto, minha companheira de Partido e não tenho
nenhum amor por ela -, mas a Secretária Neuza Canabarro resolveu tirar todo
mundo de onde estava e colocou na Secretaria de Educação. Inclusive, quase
fechou a Secretaria Estadual da Cultura, com 250 professores que lá estavam.
Fechou. Mudou tudo. Deu um ato e está acabado. Muito bem, se é essa medida que
o Ver. Jocelin Azambuja propugnava. Acho as coisas um tanto drásticas. E mais,
há outros desvios aqui na Câmara Municipal e há Vereadores que pedem
professores para trabalharem na Câmara Municipal, e nessa hora não somos
rigorosos.
Hoje mesmo, discutimos o
problema da SMT e um certo sucateamento de pessoal da SMT. Eu tenho dois funcionários
da SMT em meu gabinete, cedidos e são qualificados e me assessoram em projetos
como os que votamos hoje pela manhã. Então, eu tenho que pensar sobre isso, eu
posso trazer e depois reclamo porque vem. A administração está nos apresentando
um Projeto e tem o ônus financeiro deste. Eu não tenho o porquê de não imaginar
que a Prefeitura não tenha essa necessidade.
A administração é quem
sabe das novas vagas que devem ser apresentadas e deve saber ser rigorosa com
os professores que não estão na sala de aula, ou estão fora de atividades de
ensino. Ela deve trazê-los para o ensino municipal, que é a prioridade das
prioridades.
Não há nenhum motivo para
não aprovar um Projeto desse porte. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Artur Zanella está com a palavra para discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, posso morrer um dia, mas não será por estresse.
Digo tranqüilamente o que penso, para não ter, depois, que ficar explicando
para todas as pessoas a minha posição. Sou extremamente coerente. O Governo
Britto encaminhou, agora, se não me engano, a contratação de doze mil
professores. O Governador Collares, também, fez o possível para diminuir a
máquina, mas também contratou, emergencialmente, milhares de professores.
Tenho minhas dúvidas se
esse número de professores é necessário, tenho sido informado que existem
muitos professores em desvio de função. No Estado tem milhares em desvio de
função, trabalhando em bibliotecas, restaurantes, SOEs. E são umas péssimas
professoras, de má vontade; no meu Gabinete atendi centenas de casos e sempre
era a mesma coisa, diziam: “Olha, eu preciso de emprego para a minha filha”, eu
dizia: hoje, só tem na Restinga. “Não há problema, o marido é rico, o pai não precisa.
Ela precisa, na verdade, é uma ocupação.” Uma semana depois voltavam
indignadas: “Me mandaram para Restinga ao invés de me mandarem para o Centro
Municipal de Cultura ou para o Gabinete do Secretário.” Lá saía eu e terminava
brigando com todo o mundo.
Então, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu estou nesta área desde 1962, no Estado, é a mesma coisa a
vida inteira, vamos reaproveitar funcionário, vamos transferir e fazer. O
Governador Jair Soares passou quatro anos tentando isso aí e não conseguiu; o Governador
Pedro Simon tentou; o Governador Britto vai tentar e não vai conseguir nada. E
eu, pessoalmente, não vou entrar na Vila Restinga ou na Vila Santa Rosa e ouvir
dizer que não está faltando professor porque o Ver. Zanella votou contra. Com
essa não me pegam! Se tiver problema de gente demais em desvio de função, que
critiquem o prefeito e não a mim; quem pediu isso foi o Prefeito Tarso Genro e
tem que justificar esse excesso ou não excessos. Não é com o meu voto. Eu não
vou reformar a SMED, não vou reformar sistema educacional do Município, eu não
vou pedir para funcionário qualquer sair da biblioteca, do SOE para ir lá a
aula ensinar amor para aluno e para dizer que já está com 30 anos de serviço,
ou 25 anos, sei lá.
Sr. Presidente, eu já dei
uns três ou quatro votos para o PT, e já estou preocupado, eu estou sendo
cooptado. Agora, eu não voto contra contratação de professores, não voto contra
contratação de monitores; de médicos, de dentistas, de radiologistas, etc.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o meu voto será este. Agora, como é que o Prefeito vai acertar
isso, como é que ele vai trazer para a sala de aula as pessoas que estão em
desvio de função, é um problema meu como Vereador para cobrar, mas não vou
ficar com insônia por causa disso. Ele é Prefeito, ele que receba as críticas,
se tiver que receber, se não puder pagar bem os seus funcionários. Mas vejo que
cada vez ele paga pior e cada vez está melhor nas pesquisas. Vem uns Projetos
extremamente antipáticos e cada vez está melhor, 76% de aprovação, etc.
O
Sr. Luiz Braz: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Enquanto ele está muito bem nas
pesquisas, nós da Câmara Municipal, que estamos aprovando esses processos,
estamos na verdade muito mal, com, relação à opinião pública, porque nós somos
responsáveis pela aprovação dos projetos e, principalmente, quando vão mal.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Infelizmente
para os meus amigos Vereadores, para a maioria da minha Bancada que vai votar
contra, eu não voto contra a contratação de professores, de monitores e
operadores de Raio-X. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PLE nº 72/95
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, este é um Projeto que de fato deve ser discutido
com a maior seriedade, porque ao votá-lo não estamos votando com o Prefeito
Municipal de Porto Alegre, Sr. Tarso Genro, ou votando contra o Prefeito
Municipal de Porto Alegre. Estamos votando a criação de cargos para as escolas
públicas do Município de Porto Alegre. Escolas estas como colocou muito bem o
Ver. Reginaldo Pujol, no dia de ontem, quando discutíamos outro Projeto,
estrategicamente situadas na periferia urbana da nossa Cidade, nas regiões mais
carentes da nossa Cidade e, portanto, equipamentos sociais que atendem a essa
população mais carente, muitas vezes sendo os únicos equipamentos sociais que
essa população dispõe na sua área de moradia. Muitos argumentos são colocados
nesta tribuna quando se fala na educação pública do Município de Porto Alegre,
um desses argumentos, falacioso é verdade, trata do número de professores que
se encontram fora da sala de aula, não são verdadeiros os números apresentados,
falam em mil, mais de mil, dois mil professores fora das salas de aula. Mas a
verdade, Srs. Vereadores, é que estes não são os números contabilizados pelo
Município de Porto Alegre, nem pela Administração Pública, nem pelos
trabalhadores em educação deste Município. Os números contabilizados são
exatamente aqueles necessários para que uma escola funcione. Srs. Vereadores,
uma escola é a sala de aula e o projeto que se desenvolve dentro da sala de
aula, mas a escola no Município de Porto Alegre superou a limitação, e é bom
que se diga isso, da relação do professor com o aluno somente acontecendo
dentro da sala de aula com recurso do quadro negro, do giz e da saliva do
professor. Uma série de projetos pedagógicos estão sendo desenvolvidos, ainda
bem, nas escolas públicas do Município de Porto Alegre. Oficinas pedagógicas como
aquela aprovada nesta Casa, por sugestão do Ver. Nereu D’Ávila, que propôs à
Secretaria Municipal de Educação programa destinado especialmente ao
atendimento da educação sexual nas escolas.
O
Sr. Nereu D’Ávila: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu fiquei muito feliz, hoje,
quando o Ministro Paulo Renato de Souza, na Rádio Gaúcha, pela manhã, declarou
que a programação para o ano que vem inclui, no primeiro grau, bem como nós
fizemos, não como disciplina, mas como conteúdo, a educação sexual. E me
lembrei que nós, aqui, somos pioneiros no Brasil, nesta área, graças à
compreensão e a luta de V. Exa. Aliás, eu mandei cópia para o Ministro, pelo
Ver. Jocelin Azambuja.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Certamente, Ver. Nereu D’Ávila, e se destaca o trabalho que V. Exa. desenvolveu
nesta Casa e também a sensibilidade do Poder Público que soube fazer verdadeira
aquela disposição dos legisladores de Porto Alegre. E destinar educadores, sim,
para um trabalho especializado que não acontece dentro das salas de aula,
porque não pode acontecer, dada a pluralidade da relação que se estabelece
dentro de uma sala de aula, da heterogeneidade que existe e pedagogicamente
importante, mas que tem que acontecer, reunindo os alunos por idade, por níveis
diferentes de uma forma absolutamente especializada.
Esse programa é
desenvolvido por educadores, por professores. Esses professores estão contados
aqui como “outras atividades”. Mas o fato é que em nenhum momento esses
professores se deslocam para o centro da sua ação, como professores, que é a
ação pedagógica, apesar de não estarem em uma sala de aula da escola
tradicional. De outro lado, é verdade que temos uma série de programas como
esse. Laboratório de línguas: quantos dos senhores Vereadores batalharam pela questão
do ensino do espanhol e do inglês nas escolas públicas municipais?
O
SR. PRESIDENTE (Mário Fraga):
O Ver. Darci Campani se inscreve e cede o seu tempo à Vera. Maria do Rosário.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Precisamos, como legisladores de Porto Alegre, pensar na dimensão pedagógica do
ponto de vista mais amplo. É muito importante que tenhamos os números, que
estudemos os números da relação entre o número de professores no Município de
Porto Alegre. Mas que saibamos entender que quando se fala em projeto
pedagógico, se fala em atendimento do tipo múltiplo e moderno que os alunos das
escolas particulares, do nosso querido Colégio São João, Anchieta, IPA,
Americano já possuem, enquanto filhos das classes dominantes desta Cidade, mas
os filhos dos trabalhadores também merecem uma educação de qualidade e as
escolas públicas do Município têm a obrigação de servi-los, da mesma forma com
que os filhos dos setores dominantes têm essa oportunidade, e o Poder Público é
responsável por isso.
Quero contestar uma noção
muito difundida aqui neste Plenário pelo Ver. Jocelin Azambuja, que diz que as
escolas do Município não assumem essa responsabilidade de concluírem aquilo que
é um preceito constitucional de que uma escola deve ter as oito séries. Uma
escola deve estar articulada e constituída da 1a. à 8a. série. Todas as escolas
públicas municipais constituídas pela Administração Municipal de Porto Alegre
do Governo Olívio Dutra e no Governo Tarso Genro foram escolas constituídas com
disposição para as oito séries do primeiro grau. No entanto, o Conselho
Estadual de Educação autoriza os municípios a fazerem a implantação gradual do
primeiro grau, ou seja, as escolas são estabelecidas com as quatro primeiras
séries e depois, a cada ano, se acresce a quinta, a Sexta, a sétima e a oitava
série para que essa escola possa estabelecer o seu projeto pedagógico
principalmente voltado para as séries fundamentais onde temos a principal
carência.
Por último, quero dizer
que o Município de Porto Alegre tem sido muito criticado na área de educação
pelos nossos opositores, especialmente quando se apresentam os dados relativos
aos números de matrículas. Em que pesem as críticas, já temos mais de quarenta
mil crianças atendidas em Porto Alegre desde o Berçário até o Segundo Grau nas
duas escolas de Segundo Grau que temos e nas Escolas Especiais que são os
únicos atendimentos especiais públicos que esta Cidade tem. Quero dizer que se
essa crítica é colocada especialmente pelo Governo do Estado, contamos com o
apoio de todos os Vereadores especialmente daqueles que promovem essa crítica
para que consigamos fazer com estes cento e setenta professores contratados,
estes cinqüenta monitores contratados, a ampliação de mais quatro mil e
quinhentas vagas nas escolas públicas municipais.
Se a crítica existe porque
se considera que o Município não tem vagas suficientes, não amplia o seu número
de vagas, a Escola Monte Cristo está ampliando as suas vagas para até a oitava
série no próximo ano, como quer o Ver. Jocelin Azambuja, e queremos contar com o
seu voto para garantia dessa ampliação, se são poucas as vagas que o município
coloca, como diz a Secretaria Estadual de Ensino, com um processo claro de
municipalização da educação, nós precisamos do apoio dos Vereadores do PMDB
para aprovarmos este Projeto que amplia vaga nas escolas municipais. É preciso
que se tenha coerência. A responsabilidade é do Poder Público Municipal e,
portanto, do Executivo e nossa, do Legislativo. E se essas vagas, Ver. Luiz
Braz, não forem constituídas, tanto na Escola Monte Cristo como no Morro da
Cruz, como em todas as escolas do Município de Porto Alegre que aguardam, com
prédios prontos, essas novas salas de aula, novos atendimentos, onde baterão
esses estudantes, esses pais?
O Município de Porto
Alegre, certamente, assume a parte de responsabilidade quando envia este
Projeto à Câmara Municipal. A nossa responsabilidade é aprovarmos este Projeto,
garantirmos a contratação dos concursados e ampliarmos em mais de quatro mil
vagas as matrículas do próximo ano, sob pena de, justamente, esses pais e
alunos baterem em nossa porta, aqui na Câmara, reclamando da nossa
não-disposição, se não a tivermos, neste momento. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O
próximo inscrito é o Ver. João Verle. Desiste. O Ver. Reginaldo Pujol transpõe
o seu tempo com o Ver. Jocelin Azambuja, que está com a palavra.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que nós queremos é que se tenha Educação
neste Município. O que mais se deseja é que o Município de Porto Alegre assuma
as suas responsabilidades e disso não tenho dúvidas.
Em primeiro lugar, todos
nós sabemos que o orçamento do Município não é cumprido no que tange à
Educação. No ano passado, 1994, são os dados oficiais do Governo Municipal, não
são dados do Vereador Jocelin, nem da Casa, foram investidos 14,2% em Educação,
dos trinta por cento previstos no orçamento municipal para a Educação,
incluídas, evidentemente, escolas infantis, escolas especiais e rede de 1º e 2º
graus. Nós temos o número de alunos, aqui, Srs. Vereadores, (mostra um livro),
isto aqui é o anuário estatístico do Governo Municipal, de 1994, portanto, vai
completar um ano. Os dados: Professores de 1º e 2º graus, 2261, a informação
que a SMED deu, e a Sra. Secretária está aqui presente, é de 3.100, deve ter
aumentado cerca de 800 professores entre 1994/95 - não me lembro se criamos
cargos para tanto. Existem mais 215 professores nas escolas infantis. O número
de alunos que a Vera. Maria do Rosário disse, que todo mundo diz que não é verdade
que tem 40 mil, não tem Vera. A Sra. sabe muito bem, sabe ler, é inteligente,
professora, sabe ler e interpretar números. Aqui no anuário estatístico diz que
o Município de Porto Alegre tem 28.174. Pelo que eu saiba, a rede não foi
duplicada; se alguns acréscimos aconteceram foram poucos, de uma ou duas
escolas.
Não vamos esquecer que
estava previsto, por projeto do Governo Municipal a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que não haveria aumento de uma sala de aula neste Município. Nós
incluímos na LDO Emenda que determinou a construção de novas escolas, porque o
Governo do Estado tem, em Porto Alegre, 82% das matrículas. O Governo Municipal
tem 18%, ocupando o 384º lugar entre 423 municípios. Só perde para os pequenos
municípios, recém-emancipados, em número de vagas de atendimento à população de
Porto Alegre. Por outro lado, os municípios da Grande Porto Alegre, os que têm
menos comprometimento com vagas, têm 41% das vagas de estudantes de 1º e 2º
graus na rede pública municipal. Os municípios de Sapucaia, Gravataí e Viamão
têm acima de 50% de vagas. Porto Alegre tem apenas 18%.
Agora mesmo eu escutava
uma declaração e é bom que os Vereadores do PMDB analisem essas questões, nós
não trazemos para cá acusações levianas, nós não fazemos aqui acusações infundadas.
Hoje, pela manhã e depois à tarde, ficamos por mais de meia hora nesta tribuna
dando tempo para que o Secretário Utzig e o Ver. João Dib chegassem a um
esclarecimento perfeito, que não pairasse nenhuma dúvida quanto à seriedade do
Governo Municipal. Pois eu ouvia o Governador do Ver. Geraldo de Matos Filho,
- Antônio Britto -, de todos nós, mas
especialmente do seu partido, dizendo que vai processar a Deputada Luciana
Genro por ser leviana, irresponsável, porque acusou o Governo do Estado, acusou
o PMDB, acusou o Sr. Berfran Rosado.
O
SR. PRESIDENTE (Geraldo de Matos Filho): O Ver. Paulo Brum se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa.;
com a aquiescência dos Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Negrinho, João Motta e
Clovis Ilgenfritz.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Agradeço o tempo cedido. Então, dizia o Governador Britto que vai processar a
Deputada Luciana Genro pela sua leviandade de fazer uma acusação a um governo
sem ter comprovação de nada. O Sr. Berfran Rosado que agora é Secretário de
Trabalho e Ação Social se não estou equivocado, e era presidente da
CORSAN. Vereadores do PMDB, esse senhor
foi acusado levianamente de ser desonesto. Foi acusado pela bancada petista na
Assembléia e pela Deputada Luciana Genro, levianamente, de ser desonesto, de
ser imoral. Pois nada disso é verdade, ficou agora comprovado e a deputada vai
ser processada. Nós aqui nesta Casa não fazemos isso. Então, não podemos vir
aqui aceitar que a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, que tem,
quem sabe, a maior estrutura burocrática deste País, e se tiver mais, é uma
vergonha nacional, tinha quatro andares aqui no prédio da José Montaury; ocupa
prédio na Travessa Cinco Paus; na SMOV, em tudo o que é lugar, porque não tem
onde enfiar tanta gente para a área burocrática. A Secretária Sônia, que está
aqui, deve ter uma profunda dificuldade de saber quem são todos esses
assessores burocráticos que estão espalhados pela Secretaria. Mas, os números,
Vera. Maria do Rosário, não são meus, são do governo, do governo que V. Exa. faz
parte. E, diz aqui o governo de V. Exa. que “tem 1633 professores em sala de
aula, em função docente, e 628 em função não-docente, só nas escolas de 1º e 2º
graus. Raciocinem, Srs. Vereadores, além desses 628, a Secretária Sônia não
explicou até agora e vou aguardar.
Tem mais, isto é o início.
Tem mais 64 em função não-docente, são dados de 1994, não são os de 1995, mais
64, além dos 628 nas escolas infantis. São dados do anuário estatístico.
Afora isto, vamos convocar
a Sra. Secretária para explicar aqui nesta Casa quantos foram os professores de
20h convocados para 30 e 40h na Administração dela, e nas Administrações do PT,
que nós sabemos que são números que superam toda essa realidade.
E, por outro lado, Srs.
Vereadores, é um artifício muito inteligente, se aprovarem este projeto de 20h,
depois vamos ...
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Quero considerar à Mesa que é no mínimo uma deselegância do
orador se dirigir à Secretária diretamente, sem que esta autoridade municipal
tenha possibilidade de resposta. Não é possível acatar esta forma na condução
dos trabalhos.
Quero deixar registrado
este protesto. E a Mesa não pode aceitar este encaminhamento.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Guilherme Barbosa, aceitamos o protesto, mas não como uma Questão de Ordem.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Hoje,
mencionei várias vezes o Secretário Utzig e não vi ninguém da Bancada do
Governo reclamar. O Secretário foi mencionado por mim várias vezes. Mas, o Ver.
Guilherme Barbosa está preocupado, não vou mais mencionar o nome da Secretária
Sônia, faz de conta que ela não está presente. Vou ficar aqui na tribuna
falando com os Vereadores do PT, com a Vera. Maria do Rosário e com os colegas
Vereadores.
Então, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, vejam bem os números. Agora, vejam o artifício, se concursa
professores para 20h e depois se convoca para 30 ou 40h, especialmente os mais
afinados, logicamente. Aí, se dobra o número de professores, dobra-se o número
de funções docentes. Então, o número, Vereadores, ele é bem maior. Agora, os senhores
raciocinem o seguinte: vamos fazer um cálculo: são 37 escolas de 1º grau e duas
de 2º grau, mais algumas escolas pré-escolar, tirando as escolas infantis que
estão em um quadro à parte aqui, nós temos aí cerca de 50 escolas. Ver.
Reginaldo Pujol, são dados de 1994, não são de 1995.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Isaac Ainhorn se inscreve e cede seu tempo a V. Exa., que tem mais 5 minutos.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Então,
vejam, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, peguem 50 escolas, multipliquem pelo
número de docentes, vice-diretores, quem sabe coloquem alguém na secretaria,
alguém no curso de línguas, pronto tem 4, multipliquem por 50, vai dar 200.
Claro que têm escolas que são pequenas, mas estou dando de barato: 200
professores nas escolas municipais entre 1º e 2º graus e pré-escolar. E aí, e
os outros 400 e pouco? Com quarenta horas, ficam fazendo o quê na Secretaria
Municipal?
Agora, eu vou dar um outro
dado para os senhores verem como esse Projeto é inclusive eleitoreiro. O
concurso de Monitor estava revalidado até a semana passada. Então, essas vagas
que querem agora criar para monitor, era só ter chamado os concursados que o
Município tinha desde 1991 e que esta Casa aprovou. Era só ter mandado este
Projeto há três meses atrás, aprovar a criação de vagas e nomear os
concursados. Mas não, inteligentemente, num ano eleitoral, vamos criar 50 vagas
de Monitor e vamos abrir novo concurso
em desrespeito a todos aqueles concursados que há 4 anos aguardam a sua
nomeação. Aí deixaram vencer o concurso e mandaram o Projeto aqui para a Câmara
em regime de urgência. Inteligentes.
Agora, lembrem outra
coisa, Srs. Vereadores, nós aprovamos 66 professores para o Projeto do SEJA
(Serviço de Alfabetização de Adultos) que os senhores vêem todos os dias no
“Cidade Viva”, não sei, “Guaíba Viva”, alguma coisa “Viva”. Esses 66
professores, multiplicando pelo número médio de alunos que temos em qualquer
sala de aula, 35/40 alunos, vejam para quantos alunos esses professores
poderiam ter transmitido conhecimento. Pois o Município de Porto Alegre não
aumentou mais que 50 alunos alfabetizados nos últimos anos, dados do Governo
Municipal e não do Ver. Jocelin, apresentado nesta tribuna. Nós criamos aqui 66
vagas para um concurso absurdo, porque não tem esse número de alunos para serem
atendidos. Então, como nós agora, com o mínimo de bom-senso, vamos querer criar
170 cargos de Professor? Para quê? Para colocar onde? Na SMED? Para ajudar os
grandes pensadores que lá estão? Para fazer com que o Município de Porto Alegre
veja a gravidade da situação? Srs. Vereadores, quero dizer que o Município de
Porto Alegre tem 30% dos professores fora de sala de aula. Isso é uma vergonha
e o mesmo Partido dos Trabalhadores agride o Governo Estadual, o Governador
Britto, e agrediu o Governador Collares de não colocarem os professores em sala
de aula, mas aqui é a mesma coisa. Eles me diziam outro dia que esses dados
eram uma herança que eles tinham. Ora, esse número vem desde 1985, eram 71,2%
de professores fora de sala de aula e 29,8% em sala de aula. Pois, de lá para
cá mudou. No ano de 1993 eram 29% e este ano de 1994 são 27,8, em sala de
aula. Mudou 1%. O Governo Municipal
trabalhou bem, diminui 1% o número de professores fora de sala de aula.
Agora, quem tem
responsabilidade com o futuro desta Cidade, quem tem responsabilidade com a
educação pode admitir fazer concurso para 170 professores? Que a Secretaria
Municipal pegue os professores que estão nos gabinetes burocráticos e bote para
trabalhar em sala de aula, porque o que o povo quer é isso, que os professores
vão para as salas de aula. Isso é que tem que se fazer e não burocratizar o que
está burocratizado. Vamos procurar moralizar um pouco a educação começando por
colocar o professor na sala de aula, que é o seu lugar. O professor fez concurso
para trabalhar em sala de aula e não para ficar em gabinetes burocráticos ou
atividades que nada tem a ver com a educação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra, para discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu estou muito satisfeito com o desdobramento
desta Sessão em que se está discutindo com tanta profundidade esse Projeto de
Lei do Executivo Municipal que pretende a criação de 50 cargos de Monitores e
170 cargos de Professores. Eu dispensei, tanto à Vera. Maria do Rosário, como
ao Ver. Jocelin Azambuja, a mais absoluta atenção e estamos agora diante do
duelo dos números com informações contraditórias, com o Ver. Jocelin Azambuja
abrangendo informações que têm cunho oficial e que desfaz algumas informações
que vinham sendo colocadas, aqui na Casa, como inquestionáveis, especialmente
no que diz respeito ao número de alunos da escola pública municipal.
A diferença entre 42 mil e
28 mil é abismal. Não é um número desprezível no contexto de uma decisão de
quem como eu, por exemplo, quer se posicionar nesta matéria sem o menor
preconceito, sem a menor isenção. Aliás, não insultando ninguém, quero dizer
que não tenho essa perspectiva de votar e saber quem terá dividendo eleitoral
com o meu voto. Eu não estou muito preocupado com isso, por enquanto; só em eu
ver a Cidade de Porto Alegre em mãos diversas do que é o Partido dos
Trabalhadores; mas, enquanto eles forem os gestores da Cidade, eu tenho que me
acostumar a essa idéia. Eles são os gestores da Cidade. Eles propõem, e nós
temos que discutir com a responsabilidade que estamos discutindo agora. Eu
tinha dúvidas em relação ao Projeto de Lei e elas se acentuaram profundamente.
O raciocínio desenvolvido pelo Ver. Jocelin Azambuja e as informações que eu
tinha era de que a média de professor por aluno no Município de Porto Alegre
era de 25 alunos por professor; agora, com os dados aqui trazidos, vejo que é
menos do que 10 alunos por professor. É uma média muito baixa. Então, essa
discrepância de informação vai ter que ser esclarecida conosco antes de nós
votarmos.
Eu não vou negar a
oportunidade para que o Município faça o que nós vimos criticando: aumente o
seu número de alunos na rede escolar, participe com mais intensidade dentro do
contexto de ensino fundamental na Cidade de Porto Alegre. Agora, também não vou
aprovar o aumento do número de professores, se tiver dúvida quanto a essa
necessidade. Pelo que estou avaliando dessa discussão, existem condições de que
com um pequeno remanejo se tenha satisfeito esse número de 170 professores que
se quer, quando aqui se afirma com letras garrafais que tem, pelo menos, 650
professores fora da sala de aula. Então, com 30% desses professores em desvio
de função, nós estaríamos com a situação resolvida. É verdade que alguém poderá
me dizer que há professores e professores, pelas diversas disciplinas a serem
ministradas.
O encaminhamento desse
debate está fazendo com que algumas das interrogações que eu tinha no início dessa
discussão passem a ser exclamações, preocupações. O risco é nós estarmos
tratando da atividade mais relevante que o poder público pode desenvolver junto
com a saúde, que é educação. Tratando desse assunto, podemos estar fazendo
aquilo que é a grande preocupação do Ver. João Dib, ou seja, o inchaço da
máquina administrativa deste País. A famosa Lei Camata fará com que se reduza o
comprometimento financeiro com o pessoal.
Nesta linha, quero dizer
que, sem estar na perplexidade, estou na angústia de ver que um assunto que
seria tão pacífico, com essas dúvidas tão acentuadas, tornar-se complexo com os
rumos que está tomando o debate. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Negrinho cede seu tempo ao Ver.
João Dib, que está com a palavra, para
discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, durante toda a minha vida fui servidor público
municipal por formação, convicção e vocação. Houve um momento da minha vida em
que sempre mantinha, na faculdade paga, com o salário que a Prefeitura me
pagava, meus três filhos. Eu ganhava um bom salário. Hoje, com o salário de
aposentado, que a Prefeitura me paga, não manteria um filho na faculdade.
Portanto, é muito bom olhar o que acontece com as coisas que são propostas
nesta Casa.
Dizia que o Prefeito tomou
o dinheiro dos municipários, mas o Prefeito Olívio Dutra também fez a mesma
coisa. Por respeito, estou trocando o verbo por “tomar”, antes usava outro
verbo. Mas, a minha bíblia é petista. Então, tenho aqui que, em 1989, na
Administração Centralizada tinha 13.283; terminado o período tinha 15.444;
aumentou, tão-somente, 2.200 servidores, aproximadamente. Ora, se nós sabemos
que a Constituição diz que o gasto com o pessoal vai até 65%, se o Prefeito já
afirmou que era 80%, esse diz que é 70%, e tomou o dinheiro dos municipários
dizendo que passou da conta. Está na bíblia, não mente, foi escrita por gente
boa, mas foi mostrado aqui o Anuário Estatístico. Este é mais interessante: no
dia 31 de dezembro de 1989, nós tínhamos 9.779 servidores, não é a bíblia, mas
são números bons. Cinco anos depois, nós tínhamos 12.787, ou seja, 3.008 a mais. Mas, o Montepio tem
outros números: no Montepio, no dia 1º de janeiro de 1989, tinham 14.000
contribuintes, esse não tem erro, no dia 1º de janeiro de 1993, tinham 21 mil,
aumentou 50%. Na bíblia deles aumentou só trinta. Agora, de onde sai esse
dinheiro? Dos servidores municipais, que não pode passar dos 60%? É o dinheiro
dos servidores da Prefeitura, é o dos servidores da Câmara, é o dinheiro de
todos nós. De onde sai o dinheiro, se o Prefeito vive chorando as misérias que
está arrecadando menos. É verdade que o Dr. Arno Augustin, em outubro, tinha 52
milhões de reais do sistema financeiro. Eu gosto dos números que eles me fornecem,
acredito neles.
Aqui também está o número
de vagas existentes na Prefeitura. Professores em 1994, tínhamos 3.135 vagas,
estavam providas 2.927 e sobravam 226. Nós criamos 250 cargos de professores,
também, porque choraram as misérias, necessitavam tanto, que nós criamos.
Então, eu não entendo, são 226 vagas, em 1994, é claro que, em 1995, não deve
ter as mesmas 226 vagas. Mas o certo é que o dinheiro não aumentou,
diminuiu, como diz o Prefeito. Para que
chegue nos 60% só tem uma solução, reduzir os salários dos servidores.
Eu vejo, no jornal: “Dib
pediu a redução dos seus próprios vencimentos.” Eu era Prefeito e pedi. A
Câmara me deu. Mas eu não posso pedir que reduzam os salários dos servidores
municipais, eu não posso pedir que reduzam os salários dos servidores da
Câmara. E, se não fizerem um enquadramento constitucional, deve haver alguma
coisa em ordem de intervenção.
Então, é por isso que não
se pode criar cargos, até porque não respondeu o meu Pedido de Informação, que
eu queria saber: quantos são, quantos somos, quanto queremos? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O
próximo orador inscrito é o Ver. João Motta. Ausente. Ver. Clovis Ilgenfritz.
Ausente. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra, para discutir o PLE nº
72/95.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu lembro de outra ocasião em que o Ver. Jocelin
Azambuja defendia desta tribuna a necessidade de se aplicar 60% do Orçamento do
Município em educação. Feitas algumas observações, ele disse: “não, não é só em
educação, é educação e saúde”.
Então, com essa
compreensão administrativa da Cidade toda a gente percebe a qualificação do
debate. Eu tenho esperança que, um dia, também o Ver. Jocelin Azambuja vá ler
com atenção a Lei Orgânica, porque talvez ele entenda, de uma vez por todas,
que o que está escrito na Lei Orgânica é que o Município deve aplicar 30% da
arrecadação de impostos. Talvez ele não compreenda que isso é diferente do
orçamento global da Prefeitura. Portanto, ele sempre faz uma conta indevida e
chega à conclusão de que aplicamos no ano passado 14% em educação, quando
obedecemos ao que diz a Lei Orgânica: em educação e em saúde, que são os
percentuais definidos pela nossa Constituição Municipal.
É preciso afirmar uma
coisa que deve doer bastante no ouvido de alguns: em 1989, havia 18 mil
matrículas em Porto Alegre nas escolas municipais, e existem, hoje, 45 mil
matrículas. Claro que aqui entra uma discussão técnica, um conceito que o
Vereador esse se nega a discutir. Acha que escolas infantis não têm nada a ver
com o ensino. Achamos que têm. Portanto, em sete anos de Administração,
passamos de 18 mil para 45 mil matrículas, duplicando toda a história de
matrículas nesta Cidade. De 1949 a 1986, existia um Convênio, que foi terminado
pelo Prefeito Collares, de que o Município construía escolas e passava para o
Governo do Estado. Mais de duzentos estabelecimentos foram assim construídos e
passados. É preciso relembrar a história. De fato, não somos milagrosos, não
somos deuses, não conseguiremos em 7 anos reverter toda a história de educação
nesta Cidade. De qualquer maneira, não defendemos que o Município deva assumir
o ensino de 1º e 2º graus na Cidade. Essa é uma tarefa que tem que ser cumprida
pelo Governo do Estado, pelo Federal e, evidentemente, pelo Município.
Essas questões têm que
ficar muito claras. Esta discussão tem que ser colocada, Ver. Pujol, para que
não se coloquem números que não são verdadeiros na totalidade, utilizando
apenas uma parte da verdade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra, para discutir o PLE nº 72/95.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que a calibragem que deve nortear esta
matéria está na alçada do Chefe do Executivo.
Uma questão que eu
colocaria é a seguinte: em 1994 se realizou um concurso público para o
preenchimento das vagas aqui consignadas, 170 cargos para Professor e 50 cargos
para Monitor. Abriu-se esse concurso, as pessoas se inscreveram, passaram.
Imaginem essas pessoas, professores, monitores, quantos pais-nossos e
ave-marias devem rezar por dia para serem nomeadas? Esse é um dado real, da
nossa vida. Não pediram para abrirem o concurso. O concurso foi aberto, e
presume-se que o Prefeito, ao abrir os referidos concursos, deveria ter claras
as necessidades de implementar as referidas vagas. Então, fico a meditar porque
eu, assim como o Ver. João Dib, muitos concursos fiz e fui aprovado. Lembro de
determinadas oportunidades, há alguns anos já distantes, da expectativa que
ficam as pessoas, quando aprovadas em um concurso público, mormente em uma
situação tenebrosa como a que vivemos. As pessoas estudaram, foram para a
faculdade, foram para a escola e aí fazem um concurso. Não pediram para que abrissem
o concurso. Elas concorrem com milhares, centenas, e eu acredito que este
concurso de professor deve ter aparecido em torno de vinte mil. Vejam, vinte
mil jovens professores concorrem a esse concurso depois de imensas
dificuldades, depois de passar dez, vinte, trinta anos estudando. Então, nós
estamos diante deste quadro e ele merece ser analisado.
Mais uma questão que eu
coloco: o PT faz política, sim, Ver. Jocelin Azambuja, mas parece que neste
caso eu não vislumbro política nisso. Primeiro, por se tratar de concurso
público já feito, já realizado. Ora, fazer um concurso público e não abrir as
vagas para preenchimento dos concursados é cruel.
A
Sra. Maria do Rosário: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero cumprimentar V. Exa.
pelo discurso e dizer que V. Exa. hoje, pela manhã, votou, com justificativa de
voto, contra o Projeto dizendo que ele tinha algum cunho neoliberal. Este
Projeto, agora, Vereador, tem exatamente dimensão contrária, pois ele aposta na
máquina pública diferente do que o processo neoliberal faz, especialmente no
atendimento à população. Muito diferente do que o projeto neoliberal faz.
Portanto, quero cumprimentá-lo, neste momento, pela sua abordagem e pela
sintonia que temos quanto às colocações que V. Exa. fez.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou
grato a V. Exa.
O
Sr. Jocelin Azambuja: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)Vereador, eu me referi que o
concurso de Monitor, as pessoas aguardavam desde 1991, e Governo Municipal
poderia ter encaminhado a criação de cargos durante esses 4 anos e não
encaminhou. Ele deixou vencer o prazo do concurso, segunda-feira, e essas
pessoas que V. Exa. diz que estão desesperadas, estão e ficaram 4 anos
esperando e não foram nomeadas.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu
tinha outros dados diferentes desses que V. Exa. me coloca. Os dados que eu
tenho é que em 1994, Ver. Jocelin Azambuja, foi feito um concurso para o
preenchimento dessas vagas. É a informação que eu tenho da liderança do PT. Em
1994 foi feito o concurso.
De qualquer forma eu vou
acompanhar este Projeto. Primeiro, se trata de admissão de professores por
concurso público, numa situação difícil. Então, acompanho o Processo nesse
sentido, porque, efetivamente, é para educar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Registramos
a presença do Sr. Adão Jegler, que foi candidato a senador e é o Presidente
Regional do Partido Social Liberal.
O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra, para discutir o PLE nº 72/95, pelo tempo que lhe cede o
Ver. Edi Morelli.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu tive que vir à tribuna para prestar alguns
esclarecimentos
O Ver. Guilherme Barbosa,
muito inteligente, muito conhecedor de tudo o que é assunto, cioso de suas
responsabilidades, mas também não sabe fazer cálculos. Isso que ele trabalha em
área que, me parece, afim. Os dados são do Orçamento de 1995, que cada um dos
Vereadores tem em seus gabinetes. São dados oficiais do Governo do Estado, da
Secretaria da Fazenda. O Governo Municipal aplicou 16,3% em educação, em 1994,
incluído aí as verbas da FESC, que são mais 2,1%. Sobrou 14,2%. Quem não sabe
fazer esse cálculo? O Ver. Guilherme Barbosa tem que pegar o anuário e o
orçamento do seu governo, da Secretaria da Fazenda e lê-lo. Como é que vai-me
explicar que vai gastar 30%; só se duplicar a rede que tem hoje. Não existe
como, Vereador. É ilógico.
Por outro lado, só para
esclarecer aos Vereadores - e é bom que cada um tenha os livros nos seus
gabinetes, tenho o Orçamento, o Anuário Estatístico, onde têm todos os dados.
As matrículas do Município estão aqui. Em 1989, o Ver. Guilherme Barbosa disse
que eram dezoito mil, não é. Eram 22.090 matriculados; 1º, 2º Graus, Escola
Especial e Pré-Escolas. Em 1994, 1º e 2º Graus, Escola Especial e Pré-Escolas.
Matrículas: 30.518. Escolas Infantis: 3.438. Isso é 1994. Está aqui, está
escrito. Todos os Vereadores têm em seus gabinetes. Eu não estou inventando
nada, eu não faria uma leviandade de vir para cá fazer uma afirmação que não
fosse verdadeira. Eu estou com os dados aqui.
Por outro lado, Ver. Elói
Guimarães, veja V. Exa. eu lhe informei que existia um concurso realizado para
Monitor, desde 1991, foi prorrogado e expirou sexta-feira. Se o governo
quisesse chamar essas pessoas que fizeram concurso, que pagaram e tudo mais,
era só ter mandado, antes, o Projeto dos Monitores para a Câmara. Agora vai
abrir novo concurso. Isso não se faz com ninguém. Se faz muito dessa prática
mas isso não se deve fazer. Pega-se o dinheiro da inscrição das pessoas,
pega-se a ilusão das pessoas que V. Exa. diz e, depois, pega-se e faz isso.
Agora a Vera. Maria do Rosário distribuiu uns dados aqui. Isso é totalmente
irreal. Se em dezembro de 1994 tinham 33.000 alunos, agora, construindo duas
escolas novas, vejam bem, tinha 36, passaram para 38 escolas e conseguiram passar para 45.000 alunos.
Ora, alguém está brincando comigo, ou com os Vereadores, no mínimo. Esse dado é
totalmente insubsistente. Eu vou querer as provas desses dados. Vou requerer as
provas, porque isso não tem cabimento. Está aqui no Anuário Estatístico: 33.956
alunos, em dezembro de 1994, há um ano e, magicamente, de um ano para o outro,
aumentaram 12.000 vagas, magicamente, porque vocês não viram escolas.
A
Sra. Maria do Rosário:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. ocupa a tribuna.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Seja breve, por favor.
A
Sra. Maria do Rosário: Então,
não é preciso. V. Exa. não quer debater. Aliás, V. Exa. só fala sozinho. São
cinco tempos e V. Exa. não cede aparte.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Está falando, Vereadora. Cansou? Então, eu continuo. Outra coisa, Srs.
Vereadores, temos que ter a noção exata da leviandade que faríamos aprovando a
criação desses cargos, porque, se o Município tivesse real necessidade, não
teria nem mandado o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para cá, sem
previsão de uma única escola em Porto Alegre. Nós tivemos que apresentar
Emendas, que foram rejeitadas nesta Casa, que não quiseram que tirassem as
verbas da FESC, que continuam saindo da Educação, e tivemos ainda que
apresentar propostas de construção de escolas em áreas que Porto Alegre
precisa.
Então, não é jogo de
números, é a realidade que está nos gabinetes de cada um dos Vereadores. Leiam,
se informem dos seus relatórios, seus anuários e decidam o que é melhor para a
Cidade.
Eu não posso concordar com
esse Projeto que considero imoral. Não esquecendo de que, ontem, aprovamos,
ainda, a livre contratação. A SMED tem, além de concurso, liberdade de
contratar quem quiser, porque a Câmara já deu este poder, da maneira como
quiser contratar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada
a discussão, em votação o PLE nº 72/95. Com a palavra, para encaminhar, o Ver.
Luiz Negrinho.
O
SR. LUIZ NEGRINHO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Na Sessão de ontem o Processo 1444, do Executivo,
que dispõe sobre admissão de pessoal por tempo determinado, foi aprovado por
esta Casa por 20 votos sim, contra 08 não e uma abstenção.
Houve uma Emenda de um
Vereador, para que este Projeto se estenda à Câmara Municipal em casos
aprovados pela maioria absoluta dos membros da Câmara de Vereadores. Sai uma
matéria na imprensa, no dia de hoje, dizendo que havia um trenzinho aqui na
Casa. Como é que vamos definir que tipo de trem-vagão para este Projeto que o
Executivo nos manda no dia de hoje, como? Cria 50 cargos de Monitor e mais 170
cargos de Professor. São “duzentos e vinte vagões”, porque entendo que isso
realmente é um trem, e bem grande. Eu vou votar contra.
Quero deixar, aqui, o meu
protesto pela forma como o Executivo nesses últimos dias tem nos colocado em
uma posição vergonhosa, de uma certa maneira. A estratégia usada pelo Executivo
no dia de hoje, quando deveria mandar o Edital para que fossem pagos, no dia de
amanhã, os funcionários e Vereadores desta Casa, é condicionar à aprovação de
alguns projetos. E mais uma vez damos razão ao Executivo quando ele coloca na
imprensa que aqui tudo ele manda e tudo ele aprova. É e não é verdade. E a
imprensa hoje não está presente para dizer amanhã no seu jornal, televisão e
rádio, para dizer quais os Vereadores que são favoráveis aos trenzinhos, que
são favoráveis ao aumento do IPTU e que também são favoráveis ao aumento da
taxa de iluminação.
Tenho observado nesses
dois dias de Convocação Extraordinária o acúmulo diário de projetos tirados no
art. 81, e que sequer nós conseguimos discutir nas Comissões. E fez bem hoje o
Ver. Mário Fraga quando solicitou vista ao Projeto de Taxa de Iluminação
Pública. Eu teria feito se naquele momento o Ver. Mário Fraga o devolvesse,
porque nós temos que ter mais respeito da parte do Sr. Prefeito, e não estamos
tendo neste momento. Eu sei que é difícil para nós absolvermos a estratégia
usada para nos prender, nos condicionar, não só a nós, mas também os
funcionários desta Casa, que estão preocupados pelos corredores nos
perguntando: sai o dinheiro amanhã? E eu também faço esta pergunta: sai o
dinheiro amanhã? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Airto Ferronato está com a palavra, para encaminhar o PLE nº 72/95.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu vou responder que sai o dinheiro amanhã. Temos
que acreditar nas autoridades constituídas deste Poder Legislativo de Porto
Alegre. Reitero que sai o dinheiro amanhã.
Estamos nós do PMDB
extremamente chateados, eu particularmente, com a posição do PT da Assembléia
Legislativa que não aprova nada, não vota nada, não fala nada, tudo é contra e
assim por diante. Então, aquela bancada tem que ser um pouco inteligente e mudar
de posição. Achei interessante aquela exposição do Ver. Zanella de que na
verdade o Executivo propõe criação de cargos de Professores. Eu morei de 0 a 12
anos dentro de uma escola pública estadual, a Brizoleta, por isso também
respeito e admiro muito particularmente o nosso ilustre Governador Leonel
Brizola.
Por outro lado, ouvia hoje
alguns argumentos sobre aquele nosso Projeto de Espanhol, vetado. Notícia que
saiu em jornal da Espanha por iniciativa, inclusive, de uma exposição do Ver.
Elói Guimarães lá em Montevidéu. Teríamos dado um passo importante para
demonstrar ao País e a nossa América Espanhola que na verdade qualquer
integração passa pela educação, pela saúde, pela nossa língua e assim por
diante.
Com relação a essa criação
de vagas de cargos, outra observação: quase morri ajudando o PT, quase morri
quando o PT criava 30 cargos de Fiscais, concursados, reclamando da falta de
verbas ainda hoje, pois nós criamos aqueles cargos e até agora não foram
nomeados. Por outro lado, uma série de outras áreas do Executivo têm cargos
vagos, têm concursados e até o presente momento não foram contratados, a
começar pela fiscalização do Município, pela Exatoria do Município. Eu acho que
é um momento importante para se refletir também nesses termos e pensarmos nisso.
Por outro lado, eu gostaria de fazer uma pequena observação àquilo que se diz
fora da sala de aula, eu sou funcionário público e como fiscal trabalhei quase
15 anos como instrutor. Eu trabalhava interno, eu não fiscalizava ninguém e
ouvia também sérias críticas que fiscal é para fiscalizar, que professor é para
dar aula. Eu concordo.
Agora, na verdade, é
indispensável que nesta área de setor público pessoas competentes, treinadas e
preparadas também desempenhem atividades dentro da estrutura administrativa e
assim por diante para dar bom andamento aos trabalhos da nossa Secretaria da
Fazenda, Secretaria de Transportes e assim por diante, a Secretaria da
Educação, ou será que devemos pensar que teríamos educação forte com a
administração não na mão de professores. Não posso! Por outro lado, a Câmara
também tem professores cedidos e que têm trabalhado muito nos auxiliando aqui
nesta Casa, uma homenagem aos
professores que estão aí e, por
isso, eu voto favorável. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. MÁRIO FRAGA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu gostaria de informar e também agradecer as palavras do Ver.
Luiz Negrinho e gostaria de dizer, com relação ao meu pedido de vista ao
Processo, eu estou satisfeito. Estou liberando o Projeto 2688/95, PLCE 12, que
trata da Taxa de Iluminação Pública.
O
SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, da mesma maneira com essa vista ao processo, fizemos em conjunto;
de minha parte também estou liberando.
O
SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, da mesma forma também já me dou por satisfeito na averiguação
dos dados do Processo tratado até agora. Devolvo também ao Presidente da
Comissão de Constituição e Justiça.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Negrinho também está de acordo com os demais Vereadores da Comissão. O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, para encaminhar o PLE nº 72/95.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Em
primeiro lugar cumprimento o Ver. Mário Fraga e os demais Vereadores, pois
temos que votar tudo o que está aí e temos que parar com as pressões sobre o
Legislativo, que fica, cada vez mais, mal perante a opinião pública.
Quero me congratular com
as palavras do Ver. Luiz Negrinho que fez um pronunciamento brilhante. Soube
colocar muito bem o que está acontecendo: nós estamos nos comprometendo perante
a opinião pública, comprometendo o Legislativo, votando projetos descabidos,
que esta Casa não precisaria votar.
Ontem, nós cometemos
aquele absurdo que permite o Executivo contratar do jeito que bem entender. O
Prefeito contrata quem quiser. Nem o Governo do Estado nem o Federal têm esse
privilégio, só nós temos.
Se, de repente, uma escola
ficar sem professor, o Prefeito contratará. Como vocês podem aprovar um Projeto
que libera o Prefeito a contratar quem quiser. Ainda, vão aprovar outro Projeto
que permite criar mais cargos. Isso é um festival.
Como vamos moralizar a
coisa pública, a Educação, fazendo isso? Os dados que apresentei estão aqui:
são dados oficiais do Orçamento do Governo Municipal, é o Anuário Estatístico
do Governo Municipal.
Não tem valor? Vamos jogar
fora, se isso não vale nada para os Vereadores do Governo, se joga fora! Estão
dando informações falsas aqui, então?
Srs. Vereadores, eu
lamento, respeito a posição de cada um, mas como vou me conformar de ver que
ontem esse Plenário aprovou contratações de todo o tipo para o Governo
Municipal.
As pessoas estão me
telefonando e perguntando, ontem teve gente que me disse: “Vem cá, eu me
inscrevi num concurso e quer dizer que não precisa mais agora, o Governo vai
botar quem quiser?” É exatamente assim: vai botar quem quiser. Se disserem que
vai faltar professor em uma escola aí ele vai usar o inciso I e vai dizer que é
uma emergência e então se contrata um professor por causa da emergência! Muito
inteligente! Aí, Srs. Vereadores, nós vamos chegar aqui, agora, e criar 170
cargos de Professores. Os senhores multiplicaram 170 por 35? Viram quantos
alunos podem ser atendidos?
O
Sr. João Dib: Cinco mil,
novecentos e cinqüenta.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Por
acaso a Secretaria Municipal de Educação, o Governo Municipal, abriu 6 mil
vagas em Porto Alegre? Todo mundo sabe que não! E se pegar os 400 professores
que estão fora das salas de aula, resolve todo o problema das escolas.
Mais uma vez eu parabenizo
o Ver. Luiz Negrinho. Se a educação do governo do Ver. Ferronato, dos
professores que o Ver. Ferronato defende, do seu governo está mal, é porque tem
gente demais fora da sala de aula, Ver. Ferronato; são heranças de governos e
mais governos. Cada vez que se aprova mais um concurso, mais se destrói com a
educação, mais se destrói com os professores. Hoje o seu governo não consegue
dinheiro para pagar aos professores o que acha justo, porque tem gente demais
em todo lugar e não sabem o que fazer e como administrar. O PMDB lá no Governo
do Estado diz uma coisa, aqui na Câmara o Ver. Ferronato diz outra. Aí cobra do
PT outra posição. Estou completamente confuso, Srs. Vereadores, me perdi, não
consegui entender mais nada. Não consegui! Um dia eu vou acabar entendendo de
política e vou ver como é que se faz esse jogo todo: lá é uma coisa e aqui é
outra e assim fica.
Mas, Vereadores, reflitam
bem, cuidado, olhem o futuro: cuidado com a educação! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra a Vera. Maria do Rosário, para encaminhar o PLE nº 72/95.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, tenho tranqüilidade na aprovação deste Projeto na
Câmara Municipal de Porto Alegre, no dia de hoje, porque eu sei que os
vereadores de Porto Alegre querem o melhor para as crianças da nossa periferia
urbana, para as crianças da escola do Morro da Cruz, do Aramis Silva, que era
da rede Municipal de Viamão e que foi anexado a Porto Alegre.
O
SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Foi encaminhamento ou discussão aquelas minhas palavras?
O
SR. PRESIDENTE: Foi
encaminhamento.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Acho
que temos que baixar o tom de voz para conseguir discutir com seriedade este
tema que é sério, nós queremos para aquelas crianças o mesmo que queremos para
os filhos de todos nós. Nós queremos que no ano letivo de 1996 tenhamos
ampliação de vagas nas Escolas Públicas Municipais. Tenho certeza de que se
aqui estivesse a Secretária de Educação, possivelmente votaria a favor deste
Projeto. Este é um Projeto que contribui, que estabelece melhores condições de
atendimento.
É verdade que o Município
de Porto Alegre ampliando essas vagas, está assumindo uma parcela de
responsabilidade que todos nós, e aí quero ter o Ver. Jocelin Azambuja como
parceiro, devemos cobrar dos programas Federais e do Governo do Estado, os
recursos necessários para os repasses. Nós temos uma diminuição no repasse do
ICMS do próximo ano de mais de seis milhões de reais, a esta Câmara Municipal
muitas vezes não se posiciona sobre elementos dessa natureza que significam
diminuição de atendimento do cidadão de Porto Alegre, quando grande parte dos
programas vem sendo municipalizados, inclusive a educação. Portanto, Srs.
Vereadores, eu peço a todos os Senhores que reflitam bem. Este é um Projeto que
é encaminhado no sentido contrário ao que o neoliberalismo vem colocando. Nós
estamos contratando professores concursados, monitores concursados para
atenderem as nossas crianças, justamente o contrário que a doutrina neoliberal
vem colocando que é o enxugamento da máquina pública em detrimento dos
interesses da sociedade, especialmente dos setores mais carentes.
Portanto, Srs. Vereadores,
eu tenho certeza de que, apesar dos tantos tempos do Ver. Jocelin Azambuja,
aqui, neste Plenário, nós aprovaremos este Projeto, porque, primeiro, para o
Ver. Mário Fraga, primeiro para o Ver. Elói Guimarães, primeiro para o Vereador
Geraldo de Matos Filho, primeiro para todos nós - Vereadores - está a
população.
Não se trata, aqui, de
votar contra o PT. O que se trata é responder, lá, na Restinga, lá na Cruzeiro,
em todos os lugres, o porquê que as vagas não serão abertas, por que nós
estamos, aqui, votando contra os professores que vão atender as nossas
crianças. Ou, ao contrário, votamos favoravelmente a este Projeto e teremos
melhores condições de fazer oposição de cobrar a ação prática do Governo
Municipal no sentido de atender a isso que está se comprometendo no dia de
hoje. A aprovação vai contar com o voto da maioria desta Casa. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrados
os encaminhamentos, em votação nominal por solicitação do Ver. Jocelin
Azambuja. (Após a chamada.) APROVADO o
PLE nº 72/95 por 18 votos SIM e 08
votos NÃO.
Estão suspensos os
trabalhos, para a realização de reunião conjunta das Comissões Permanentes.
(Suspendem-se
os trabalhos às 19h05min.)
O
SR. PRESIDENTE (Mário Fraga - às 19h18min): Estão
reabertos os trabalhos.
O
SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento): Sr.
Presidente, já que aprovamos o Projeto da Taxa de Iluminação e não consta na
ordem geral de votação, eu requeiro uma Sessão Extraordinária para votarmos o
mérito da matéria. Foi votada apenas a urgência. Requeiro uma Sessão
Extraordinária para votação do Projeto que é a grande reivindicação da
imprensa.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos
colocar no momento adequado o seu Requerimento.
O
SR. HENRIQUE FONTANA (Requerimento): Sr.
Presidente, como a imensa maioria dos projetos que votamos durante esta
Convocação Extraordinária tem pedido de renovação de votação, o que significa
que nenhum dos resultados votados, até agora, existe, enquanto não apreciarmos
esses Requerimentos, eu requeiro que passemos a analisar e votar os
Requerimentos, de imediato.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos
colocar por ordem de pedido: primeiro,
o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila,
depois, o Requerimento do Ver. Henrique Fontana.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Já
que houve toda uma negociação de Lideranças, que no fim acabou não acompanhando
aquilo que foi acordado, acho que agora o Ver. Nereu D’Ávila faz a proposta
correta que foi aquilo que foi acordado pela manhã e que o Líder do Governo
concordou. Agora estão mudando a posição. Quero que seja votado o Requerimento
do Ver. Nereu D’Ávila.
O
SR. PRESIDENTE: V. Exa.
fez o encaminhamento e peço que me respeite um pouco.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr.
Presidente, eu aditaria ao Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila que os
Requerimentos de renovação de votação fossem votados na Sessão Extraordinária a
ser realizada logo após.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Henrique Fontana, V. Exa. escutou o Requerimento do Ver. Wilton Araújo?
O
SR. HENRIQUE FONTANA: Eu
mantenho o meu Requerimento que é de inversão imediata da ordem e da votação
dos Requerimentos.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Hoje
foi reafirmado que renovação de votação só poderia ocorrer em Sessão Ordinária
e não em Sessão Extraordinária.
O
SR. PRESIDENTE: Naquele
momento não foi definido nada, iria para a Comissão de Justiça. Não foi nada
definido, Ver. Reginaldo Pujol.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Presidente, eu tenho um direito líquido e certo, assim como o Líder do PT, de pedir que se vote
este Requerimento de renovação de votação. Nesta Convocação Extraordinária, até
agora, não se discutiu nada, todos os assuntos têm pedido de renovação de
votação. Mas eu temo que este Requerimento, votado numa Sessão Extraordinária
da Convocação Extraordinária, fique viciado.
O
SR. PRESIDENTE: Em parte
nós concordamos com V. Exa. Vamos chamar a Auditoria.
O
SR. MILTON ZUANAZZI (Questão de Ordem): Para colaborar com a Mesa, Vereador, este Requerimento foi
feito por mim no início dos trabalhos, pela manhã, e não houve a resposta
definitiva.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, solicitando seja
realizada uma Sessão Extraordinária, para que seja apreciado o Projeto que
trata da Taxa de Iluminação. (Pausa.) O Ver. Henrique Fontana solicita votação
nominal. (Após a chamada.) REJEITADO
o Requerimento por 12 votos SIM e 13
votos NÃO, tendo votado o Sr.
Presidente.
Em votação o Requerimento
de autoria do Ver. Henrique Fontana, solicitando que, a partir de agora, se
faça uma Sessão Extraordinária, para apreciação dos Requerimentos. (Pausa.) O
Ver. João Dib solicita votação nominal. (Após a chamada.) O resultado da
votação é o seguinte: 14 votos SIM e
01 voto NÃO. Não há quórum. É nula,
portanto, a votação face à inexistência de quórum.
Informamos aos Srs.
Vereadores que votamos seis Projetos e temos cinco pedidos de renovação de
votação. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às 19h35min.)
* * * * *